Grande
Entrevista a Candy Saad
Formato de Carlos Leite
Ribeiro
Durante a viagem Portugal/Brasil, como é
meu hábito, passei os olhos por uns apontamentos
que tirei sobre a cidade em que ia fazer a
entrevista à querida amiga Candy Saad: “Jundiaí,
até início do século XVII, era habitada por
povos indígenas, sendo que alguns grupos viviam
em clãs familiares, caracterizando-se pelo
nomadismo, e outros eram sedentários, de origem
tupi-guarani, que se dedicavam à produção de
milho e mandioca. Eram povos guerreiros, bons
caçadores e pescadores, organizavam-se em
aldeias compostas por cabanas circulares feitas
de tronco e cobertas de palha. Em cada uma
delas, moravam várias famílias aparentadas entre
si. Parte da cultura indígena foi incorporada
pelos brancos colonizadores, entre elas a
técnica construtiva e a utilização de queimadas
na lavoura. Os primeiros colonizadores brancos
chegaram à região em 1615, seguindo o processo
de interiorização. Apesar das controvérsias dos
historiadores, a versão mais aceita sobre a
Fundação do município remete à vinda de Rafael
de Oliveira e Petronilha Rodrigues Antunes que,
por motivações políticas, fugiram de São Paulo e
refugiaram-se nos arredores, fundando a
Freguesia de Nossa Senhora do Desterro, que foi
elevada à categoria de Vila em 14 de Dezembro de
1655. Os novos colonizadores afugentaram os
grupos indígenas, que se embrenharam na mata. A
origem de Jundiaí está ligada diretamente ao
movimento bandeirante, principal responsável
pela ocupação da antiga Capitania de São
Vicente. Ao longo dos séculos XVII, XVIII e
início do XIX, a economia da cidade se limitou a
pequenas lavouras de subsistência, que
abasteciam moradores da vila, tropeiros e
bandeirantes. Na época, a região era formada por
várias sesmarias pertencentes à Capitania de São
Vicente, conhecida como “Portão do Sertão”,
início do caminho de muitas entradas e
bandeiras. Durante longo período, a escravidão
indígena foi a base da mão-de-obra local, embora
essa prática fosse proibida por lei. Em meados
do século XVIII o número de escravos indígenas e
de escravos de origem africana já era
praticamente o mesmo, mas a partir da segunda
metade deste século, a quantidade de africanos
se intensificou, até que a mão-de-obra indígena
foi totalmente abandonada. À medida que o número
de africanos aumentava, também cresciam os focos
de resistência, entretanto, há poucos registros
históricos sobre a vida destes trabalhadores. Em
28 de Março de 1865 Jundiaí foi elevada à
categoria de cidade. A partir da segunda metade
do século XIX a produção cafeeira ganhou força
para o oeste e isso promoveu o crescimento da
cidade, e junto com o café vieram a ferrovia e
as indústrias. A Ferrovia Santos-Jundiaí foi
inaugurada em 1867, época em que se observava a
crise do escravismo e a consequente alta do
preço do escravo. Neste contexto, os grandes
produtores rurais passaram a buscar novos
trabalhadores e teve início o amplo processo de
imigração, com a participação direta do Governo
Federal. Os primeiros foram os italianos, que se
instalaram preferencialmente na região da
Colônia, no Núcleo Barão de Jundiaí,
implementado pelo então presidente da Província
de São Paulo, Dr. Antônio de Queiroz Telles
(Conde de Parnaíba), filho do Barão de Jundiaí.
Depois, outros europeus foram instalados no
Comércio e na lavoura e alguns passaram
rapidamente de colonos a proprietários,
incrementando a atividade agrícola. A imigração
estimulou o crescimento comercial e industrial
e, ainda, do segmento de serviços e
infraestrutura urbana. Enquanto isso, Jundiaí ia
se destacando como uma cidade estratégica no
setor ferroviário, com a instalação da Ferrovia
Santos-Jundiaí, em 1867, a Cia. Paulista de
Estradas de Ferro, em 1872, da Cia. Ituana, em
1873), da Cia. Itatibense, em 1890, e a Cia.
Bragantina, em 1891. Nos tempos mais modernos, o
processo de industrialização de Jundiaí
acompanhou as vias de circulação, com isso, as
indústrias se concentravam nas regiões próximas
à ferrovia e às margens do Rio Guapeva,
atendendo principalmente os segmentos têxtil e
cerâmico. Nos anos 30 e 40, ocorreu novo impulso
industrial e após a inauguração da Rodovia
Anhanguera, em 1.948, mais empresas procuraram a
cidade, aproveitando também a abertura da
economia ao capital estrangeiro em 1950. Foi
nesta época que vieram para o município as
indústrias metalúrgicas. Por tudo isso, pode-se
dizer que Jundiaí nasceu com uma forte aptidão
para o trabalho e o desenvolvimento.
O nome Jundiaí é um vocábulo de origem
tupi e vem da palavra “jundiá”, que significa
“bagre” e “y” significa “rio”. Alguns estudiosos
também consideram o termo “yundiaí” como
“alagadiços de muita folhagem e galhos
secos”.
Quando por fim cheguei ao Aeroporto
Internacional de Cumbica Guarulhos, em São
Paulo, já a nossa entrevistada me aguardava, com
a sua simpatia e largo
sorriso. Candy Saad: Carlos, como
você deve ter saudades de um café brasileiro no
Milk Shakespeare, no Café Bistrô, sito na
Avenida Nove de Junho (Boulevard Beco Fino).
Carlos: Sim, já tenho saudades do saboroso
café brasileiro! Entretanto, vá me falando na
cidade em que vive? Candy Saad: Pois não,
Carlos. Jundiaí possui aproximadamente 370.000
habitantes. Esse número cresceu muito nos
últimos anos devido, principalmente, à procura
por melhor qualidade de vida dos
habitantes de São Paulo. Cada vez mais pessoas
vêm da capital para Jundiaí, e para o interior
em geral, devido aos melhores índices de
poluição, qualidade do ar, trânsito,
clima, umidade do ar,
etc. Depois do café (duplo para
mim), seguimos viagem para Jundiaí, e começamos
a entrevista: Carlos: Para a Candy
Saad, Deus existe? Candy Saad: Sim. Deus é a
mais bela manifestação do amor
incondicional. Carlos: Acredita na
reencarnação, em fantasmas ou em “almas do outro
mundo? Candy Saad: Não! Carlos:
Seus passatempos preferidos? Candy Saad:
Gosto de caminhar pela natureza, gosto de
jardinagem, amo minhas plantas Pinto óleo sobre
tela e escrevo versos na emoção do
momento. Carlos: Qual a
característica que mais aprecia em si? Candy
Saad: A humildade de sempre estar aberta para
aprender com a vida, mesmo que as vezes
sejam lições dura. Procuro não perder a
naturalidade e a ternura. Carlos: E
nos outros? Candy Saad: A verdade, lealdade e
cumplicidade. Carlos: Uma imagem do
passado que não quer esquecer no
futuro? Candy Saad: Uma menina corajosa,
estudiosa, sem medo de ser
feliz. Chegados à bela cidade de
Jundiaí, a nossa entrevistada deu duas opções
para continuar a entrevista: o Teatro ou a
Pinacoteca? Optei pela segunda opção:
“O edifício da Pinacoteca Pública, que já
abrigou a escola Siqueira de Moraes em 1906 e
depois a Biblioteca Municipal em tempos
recentes, tem uma sala com acervo
desconhecido do grande público. Trata-se da nova
biblioteca de artes plásticas, que conta com
livros nas áreas de fotografia, design, moda,
museologia, história da arte e arquitetura e
urbanismo. Entre todas essas áreas, são
360 títulos disponíveis para consulta e
pesquisa. As obras do acervo foram doadas,
inclusive pelo próprio curador que trouxe coisas
acumuladas em sua coleção particular e depois
teve apoio da Biblioteca Nacional, do Rio de
Janeiro”. Durante a visita ao valioso acervo,
continuamos a entrevista: Carlos:
Sua melhor qualidade, e, seu maior
defeito? Candy Saad: Coragem e ser franca
demais. Carlos: Qual o cúmulo da
beleza? Candy Saad: A pureza nos olhos de
uma criança. Carlos: E da
fealdade? Candy Saad: A mentira, a
inveja. Carlos: O arrependimento
mata? Candy Saad: Acredito que
corrói. Carlos: De que mais se
orgulha? Candy Saad: Do meu
caráter. Carlos: As piadas às
louras são injustas? Candy Saad: Não sei se é
porque sou loura falsa (não tinha notado?), mas
gosto das piadas... Carlos: Seu
Prato preferido e bebida? Candy Saad:
Strogonof de camarões e um bom vinho. Mas hoje
vamos comer outra especialidade, no restaurante
Beco Fino. É servida numa cestinha feita de
queijo parmesão e dentro dela risoto de grandes
camarões e tomate seco. É uma delícia e o Carlos
vai ver que vai gostar.
Encolhi os ombros, pois, nunca tinha
comido tal delícia… Saímos da Pinacoteca a
caminho da Avª 9 de Julho. Confesso, em
princípio, achei estranho o sabor, mas acabei
por gostar. Como a Candy Saad considera, é uma
delícia. E continuamos a
entrevista: Carlos: Qual a
personagem que mais admira? Candy Saad: Meu
ídolo = Jesus Cristo Carlos: Que
vício gostaria de não ter? Candy Saad: De
brigar com o sono. Carlos: O dia
começa bem se...? Candy Saad: Durmo bem e
acordo tarde. Carlos: Que
influência tem em si a queda da folha e a
chegada do frio? Candy Saad: Respondo-lhe com
uma poesia:
Sou outono Melancólica
... Gosto do vento Da paisagem
bucólica... Sinto no ar o perfume seco das
folhas rolando num farfalhar... Outono
é romântico Espalha carícias em
forma de lamento por cada folha que cai A
lua parece ficar triste Esperando um amor
distante Com a mesma incerteza do destino
das folhas a rolar.
Carlos: Qual foi o maior desafio que
aceitou até hoje? Candy Saad: Foram tantos!
Acredito que os desafios sempre estiveram
presentes em minha vida impulsionando-me,
dando-me coragem, garra para a vitória. Gosto
deles. Carlos: Quando você era
criança...? Candy Saad: Hiperativa, dei
muito trabalho mas, fui uma criança
feliz. Carlos: Como vai de amores?
Candy Saad: Bem obrigada,
(rsrsrs...) Estava na hora de irmos
até ao Belo Jardim Botânico,” Inaugurado em
2005, o Jardim Botânico de Jundiaí margeia o
Paço Municipal, ocupando área de 119.000 m².
Além de espaço privilegiado à população, o
Jardim tem por objetivo, principalmente, o
estudo da vegetação existente na Serra do Japi,
último reduto da Mata Atlântica no interior
paulista”, onde iríamos terminar esta
entrevista. Durante o percurso continuei a
fazer-lhe perguntas:
Carlos: Acredita em histórias
fantásticas? Candy Saad: Sim, em
algumas. Carlos: O que é para você
o termo Esoterismo? Candy Saad: É um
sincretismo religioso e muito blá blá
blá. Carlos: O Imaginário será um
sonho da realidade? Candy Saad:Sim. Tudo que a
mente acredita e alimenta, acaba virando
realidade. Chegados ao Jardim
Botânico, escolhemos um quiosque para beber uns
sumos, completar a
entrevista. Carlos: A cultura será
uma botija de oxigénio? Candy Saad: Sim e todos
precisarão dela para
respirar. Carlos: O filme comercial
que mais gostou? Candy Saad: “Amar, comer e
rezar”, entre tantos
outros. Carlos: Música e autores
preferidos? Candy Saad: Sou Eclética,
vou de clássicos a populares Gosto muito de
Jazz. Carlos: Que livro anda a ler?
Candy
Saad:O livro de Ruth."Uma grande
mulher". Carlos: Autores e livros
preferidos? Candy Saad: Fernando Pessoa,
Cecília Meireles, Drummond, Machado de Assis são
meus preferidos. Leio tudo ou quase
tudo. Carlos: Vamos falar na sua
obra Literária? Candy Saad:Tenho vários
e-books que poderão ser lidos no link:
http://www.candysaad.com/candysaad/e_books/bibliotecavirtual.htm
e www.candysaad.com Carlos: Como
se autodefine? Candy Saad:Às vezes pareço
dura mas, sou pura emoção. Carlos:
Que género de filme daria sua vida?
Candy Saad:
Ação no passado Paz e amor no
presente. Carlos: A Candy Saad,
mora num paradisíaco lugar a que chama o “Jardim
de Giverny" Pode falar-nos desse paraíso?
Candy Saad: É uma área de 6000 metros
próximo a Serra de Japi, com tudo que há de
melhor da natureza, lindos tucanos, maritacas,
jacutingas, esquilos... Onde o barulho do
silêncio é o cantar de pássaros na nossa
janela. A Serra do Japi: “Com 352
km² de área e ponto culminante com 1.250 metros
de altitude, a Serra do Japi é o símbolo da
cidade de Jundiaí, eleita pelos moradores.
Porém, também faz divisa com mais três
municípios: Cabreúva, Pirapora do Bom Jesus e
Cajamar e é parte de um conjunto maior de
serras, composta pelo agrupamento do Jaraguá,
Pirucáia, Sabóo, Boturuna e Guaxinduva. É uma
rara e importante área de mata Atlântica no
estado de São Paulo, pois é um ponto de encontro
entre dois tipos de Mata Atlântica: da Serra do
Mar e do interior paulista. A Serra é
considerada por alguns estudiosos um “Castelo de
águas” por sua abundante quantidade de
nascentes, cachoeiras, riachos, ou seja, sua
riqueza hídrica. Quase toda a água é cristalina
e potável, por isso a Serra já abastece parte
dos habitantes de Jundiaí e sua água é
comercializada como água mineral de excelente
qualidade. Seu clima é característico da Mata
Atlântica: temperatura média entre 15°C (na
parte mais alta) e 19°C (na parte mais baixa), o
mês mais frio é julho podendo chegar a
temperaturas próximas a 4°C e o mais quente
janeiro, chegando a 30°C. As chuvas acontecem em
período espaçado, de outubro a março e o período
de seca corresponde ao inverno, de maio a
setembro, onde também há maiores incidências de
incêndios. A Serra forma uma barreira para os
ventos que vêm do mar em direção ao interior,
causando assim uma variação climática e
pluviométrica em sua área sul e noroeste.
Tombada em 1983 pelo CONDEPHAAT e declarada pela
UNESCO, em 1992, Reserva da Biosfera, conta com
leis nas instâncias federal, estadual e
municipal que regulamentam sua proteção como
Área de Reserva e Proteção
Ambiental.
E assim, falámos de:
Candy Saad Nascida num belo dia 9 de
Abril Mora em Jundiaí – São Paulo Data de
nascimento: 09-04 Onde mora ? Jundiaí - São
Paulo Psicóloga e diretora de ensino por 27
anos, agora aposentada.
Um sonho de
vida
Com a paleta em
mãos, Tintas multicoloridas, Quero
pintar, Um sonho de vida. Uma floresta
encantada, com duendes
permanentes, tomando conta de cada folha que
cai. Quero pintar a criança desde o
ventre, com segurança de vida e
amor. Quero pintar os velhos sorrindo, com
ares de missão cumprida, com a garantia de
dignidade no fim da vida. Quero pintar um
país, sem medo, sem revolta, sem
vergonha, Todos com direito à escola. Um
povo orgulhoso, saudável, bem
alimentado, desarmado, vivendo em
paz. Com a certeza que Deus, Comanda esse
lugar.
***
Un sueño de vida
Candy
Saad
Con la paleta en mis manos, y
tintas multicoloridas, Quiero pintar, Un
sueño de vida. Una floresta encantada, con
duendes permanentes, tomando en cuenta a cada
hoja que cae. Quiero pintar al niño desde el
vientre, con seguridad de vida y
amor. Quiero pintar a los viejos
sonriendo, con aires de mision
cumplida, con la garantia de dignidad en el
fin de la vida. Quiero pintar un país, sin
miedo, sin revuelta, sin
verguenza, Todos con direcho a la
escuela. Una gente orgullosa, con
salud, bien
alimentado, desarmado, viviendo en
paz. Con la certeza que Dios, comanda este
lugar.
Formato de entrevista
de: Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande –
Portugal
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